Recesso Escolar e Crianças Autistas: Por que Manter as Terapias Durante as Férias?
- isadora domingos das neves
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
As férias escolares costumam ser vistas como um momento de descanso e pausa na rotina. No entanto, para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o recesso escolar não significa recesso terapêutico. Pelo contrário: a continuidade das terapias durante esse período é fundamental para preservar os avanços conquistados ao longo do ano.
A importância da rotina para crianças autistas
Crianças autistas geralmente têm uma forte necessidade de previsibilidade e estabilidade. Mudanças bruscas na rotina — como as que ocorrem durante o recesso escolar — podem gerar insegurança, ansiedade e até regressões comportamentais.
Manter as terapias durante as férias ajuda a garantir:
A manutenção dos progressos conquistados em sessões anteriores
A prevenção de retrocessos no desenvolvimento
A estabilidade emocional e comportamental da criança
Um retorno mais tranquilo ao ambiente escolar após o recesso
Recesso escolar e continuidade terapêutica: o que diz a legislação?
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), a criança com autismo tem direito à atenção integral à saúde, o que inclui terapias multiprofissionais contínuas, conforme indicação clínica. Isso significa que o período de férias escolares não justifica a interrupção dos tratamentos de saúde.
Além disso, a interrupção sem orientação médica pode configurar violação de direitos, especialmente quando causa prejuízos ao desenvolvimento da criança.
Terapias durante as férias: como organizar?
Sabemos que o período de férias pode ser desafiador para muitas famílias. Por isso, algumas orientações podem ajudar:
Converse com os profissionais que acompanham seu filho(a) sobre a melhor estratégia terapêutica para o período
Avalie se é possível adaptar os horários das sessões sem comprometer a frequência
Mantenha uma rotina minimamente estruturada, com momentos de lazer e as terapias
Aproveite o tempo extra para reforçar o vínculo com a criança por meio de atividades lúdicas alinhadas com os objetivos terapêuticos
Cada criança é única!
Embora a manutenção das terapias seja altamente recomendada, cada caso deve ser avaliado individualmente. Há situações em que uma breve pausa, planejada e orientada por profissionais da saúde, pode ser benéfica. O mais importante é garantir que qualquer decisão seja tomada com responsabilidade e embasamento técnico.
Conclusão
O recesso escolar é um momento importante, mas ele não deve significar a interrupção das terapias essenciais para crianças autistas. O acompanhamento contínuo é parte fundamental do cuidado e do exercício pleno dos direitos da criança com TEA.
Como advogada atuante na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, reforço: ter acesso às terapias durante o ano inteiro é um direito da criança e um dever do Estado, da família e da sociedade.
Quer saber mais sobre os direitos da pessoa autista e como garanti-los de forma prática? Acompanhe meus conteúdos no Instagram!🔵 @isadoranevesadv
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